Reforma Tributária: O que muda para empresas e contribuintes?
- Janoély Tiecher
- 16 de mai.
- 3 min de leitura
Atualizado: 4 de jun.

A tão discutida reforma tributária saiu do papel com a promulgação da Emenda Constitucional nº 132/2023. Trata-se de uma das mais relevantes mudanças no sistema tributário brasileiro nas últimas décadas, com impactos diretos na rotina de empresas e contribuintes de todo o país.
O objetivo principal da reforma é simplificar o atual sistema, que é considerado um dos mais complexos do mundo, além de promover maior justiça fiscal e transparência na arrecadação. Mas afinal, o que muda na prática para os empresários e para os consumidores?
Neste artigo, explico os principais pontos da reforma e como você pode se preparar para esse novo cenário.
Objetivos da Reforma: simplificação, justiça fiscal e combate à evasão
Entre os principais objetivos da reforma estão:
Unificação e simplificação dos tributos sobre consumo;
Redução de litígios tributários entre empresas e o fisco;
Transparência na carga tributária para o consumidor final;
Justiça fiscal, com mecanismos de devolução de tributos para as camadas mais vulneráveis da população (cashback);
Combate à guerra fiscal entre estados e municípios;
Incentivo ao uso da tecnologia e da nota fiscal eletrônica para reduzir a evasão e ampliar a base de arrecadação.
Quais são as principais mudanças?
A reforma cria dois novos tributos que substituirão cinco atuais:
IBS (Imposto sobre Bens e Serviços): substituirá o ICMS (estadual) e o ISS (municipal);
CBS (Contribuição sobre Bens e Serviços): substituirá o PIS, Cofins e IPI (federais).
Esses tributos seguem a lógica do IVA (Imposto sobre Valor Agregado), adotado em muitos países, sendo não cumulativos, ou seja, as empresas poderão compensar o imposto pago na etapa anterior da cadeia.
Além disso, a cobrança passa a ocorrer no destino, ou seja, no local do consumo, e não mais na origem da produção. A reforma também cria o chamado Imposto Seletivo, voltado a desestimular o consumo de bens prejudiciais à saúde ou ao meio ambiente.
Importante destacar que haverá um período de transição até 2033, com fases progressivas de implementação e testes para evitar choques na economia e permitir adaptação por parte das empresas e da administração pública.
Impactos para micro, pequenas, médias e grandes empresas
Cada porte empresarial sentirá os efeitos da reforma de forma diferente:
Micro e Pequenas Empresas: devem continuar enquadradas no Simples Nacional, mas precisarão estar atentas às mudanças no repasse de créditos para seus clientes e à eventual necessidade de ajuste nos preços e contratos.
Empresas do Lucro Presumido e Lucro Real: devem se preparar para alterações no cálculo da carga tributária, com a possibilidade de impactos positivos ou negativos, dependendo do setor e da cadeia produtiva.
Empresas com atividades mistas ou complexas: precisarão de maior organização contábil, com destaque para a segregação de receitas, cumprimento das novas obrigações acessórias e reestruturação de processos internos.
Mesmo empresas do Simples podem ser afetadas indiretamente — por exemplo, se o seu cliente for um contribuinte que opta pelo Lucro Real, poderá exigir da pequena empresa informações fiscais específicas para aproveitamento de créditos.
Como as empresas e contribuintes devem se preparar?
A preparação para as mudanças exige atenção e estratégia. Veja algumas medidas recomendadas:
Planejamento tributário preventivo: entender como as novas regras afetam a atividade da empresa e se é necessário reestruturar operações;
Revisão de contratos e precificação: cláusulas sobre tributos, repasse de custos e margens de lucro precisarão ser revistas;
Treinamento de equipes internas: especialmente nas áreas fiscal, contábil e jurídica;
Adequação tecnológica: sistemas de gestão e emissão de notas fiscais precisarão acompanhar as novas exigências legais;
Acompanhamento de regulamentações complementares: a regulamentação infraconstitucional ainda está em elaboração e trará detalhes essenciais para aplicação da reforma.
Desafios e críticas apontadas
Apesar dos avanços, a reforma também levanta preocupações legítimas:
Complexidade do período de transição, que pode gerar confusão e aumento de custos operacionais;
Risco de aumento da carga tributária efetiva em determinados setores, a depender das alíquotas finais que ainda serão definidas;
Insegurança jurídica, enquanto não forem publicadas todas as leis complementares e normas regulamentares;
O mecanismo de cashback, embora bem-intencionado, levanta dúvidas sobre seu impacto na arrecadação e na manutenção de serviços públicos essenciais.
Além disso, especialistas alertam para a necessidade de uma ampla campanha de educação fiscal, para que empresários e contribuintes entendam suas novas obrigações e direitos.
Conclusão
A Reforma Tributária representa uma oportunidade para o Brasil avançar rumo a um sistema mais justo e eficiente, mas também exige cautela, planejamento e adaptação por parte das empresas.
Neste momento, estar bem informado e buscar orientação profissional especializada pode fazer toda a diferença na forma como seu negócio enfrentará as mudanças.
E você, já começou a se preparar para a nova era tributária?
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